O método que neutraliza pensamentos autodestrutivos e que lhe diz o que (não) fazer para ser emocionalmente mais forte e saudável
Se conseguirmos ajustar o tom e o conteúdo das nossas conversas interiores e a maneira como avaliamos o que nos acontece, podemos revolucionar a nossa vida.
A tarefa não é fácil, implica uma enorme persistência e uma boa dose de exigência e concentração mas, sim, é possível aprendermos a pensar bem para viver melhor.
A ideia é defendida no livro «A arte de não amargar a vida», recentemente lançado no nosso país pela editora Pergaminho, da autoria do psicólogo Rafael Santandreu. Nele, o autor transporta para a vida do leitor, numa linguagem muito empática, casos reais, conselhos práticos e diretrizes da terapia cognitiva, usada nos consultórios de psicologia para que «nos transformemos em pessoas mais saudáveis e fortes». Partilhamos consigo um capítulo central da obra dedicada à «rotina do debate», que permite identificar o que pensamos de forma errada,
contra-argumentar e desenvolver uma nova forma de interpretar o mundo. Muito mais feliz.
contra-argumentar e desenvolver uma nova forma de interpretar o mundo. Muito mais feliz.
Identifique as suas crenças irracionais
Analise o que lhe causa mal-estar emocional no dia a dia (como, por exemplo, ficar parada no trânsito ou ser repreendida pelo chefe publicamente) e descubra quais as ideias/crenças irracionais que estão na sua origem (como achar que o mundo seria perfeito se não existissem engarrafamentos ou encarar de forma desproporcionada a atitude do chefe como algo horrível).
Combata as crenças irracionais
O objetivo é provar a si própria que a crença irracional está errada. «Esta transformação deverá apoiar-se em argumentos e não simplesmente num tipo de pensamento positivo», explica o autor. Quantos mais argumentos contradisserem a ideia que lhe causa mal-estar, melhor. Para ter sucesso, pode usar diferentes estratégias.
Estabeleça a crença racional
Nesta terceira fase, o nosso objetivo será acreditar nela tão profundamente quanto nos seja possível. Para isso procurámos os argumentos ao nosso alcance no passo 2.
Argumento na comparação
Questione-se se existem outras pessoas que são felizes na mesma situação. «Todas aquelas que partilham a nossa adversidade e se encontram emocionalmente bem são a prova de que o nosso problema não é assim tão grave. Com este argumento, é possível convencermo-nos de que a nossa situação não é razão para não sermos felizes», refere Rafael Santandreu.«Podemos, ainda, comparar-nos com pessoas que enfrentam dificuldades muito maiores e que, todavia, são felizes», pode ler-se no livro.
Argumento existencial
Pergunte-se se, numa vida tão curta e com tão pouco sentido (ou que tem um sentido metafísico desconhecido para os seres humanos), esta adversidade de que fui alvo é assim tão importante? Num universo infinito de planetas e estrelas que nascem e morrem sem cessar, existe alguma coisa que seja realmente dramática? Depois disto chegamos à conclusão existencial de que não há nada horrível num universo como o nosso. Esta lógica, que é desconcertantemente real, permite que nos distanciemos de nós próprios». «O argumento existencial pode igualmente levantar-se em relação à finitude da nossa existência. Poderemos perguntar-nos o que terá acontecido comigo e com o problema que me preocupa daqui a cem anos?.«Efetivamente, meditar na própria morte (...) e dá origem a uma profunda serenidade», defende Rafael Santandreu.
Argumento das possibilidades
Pense se, apesar desta adversidade, poderia atingir objetivos interessantes para si e para os outros. «Quase sempre temos ao nosso alcance múltiplas possibilidades de desfrutar a vida; mas isso se não perdermos tempo a lamentar-nos cheios de amargura», considera Rafael Santandreu. «Na terapia cognitiva, costumamos rever com o paciente as áreas em que ele se poderia desenvolver apesar da adversidade de que foi vítima. Revemos oito áreas: trabalho, amizade, aprendizagem, arte, ajuda aos outros, amor sentimental ou familiar, espiritualidade e lazer», acrescenta.
4 passos para ter sucesso
Regra 1
«É preciso desenvolver uma rotina de trabalho que apresente todos os dias um pequeno desafio, mudar as crenças irracionais mais difíceis de serem mudadas, fazê-lo cada vez com maior intensidade e deixar que o tempo passe», defende Rafael Santandreu.
«É preciso desenvolver uma rotina de trabalho que apresente todos os dias um pequeno desafio, mudar as crenças irracionais mais difíceis de serem mudadas, fazê-lo cada vez com maior intensidade e deixar que o tempo passe», defende Rafael Santandreu.
Regra 2
«É preciso insistir que se trata de nos «convencermos das crenças racionais; não é suficiente repeti-las como um papagaio», refere o autor.
«É preciso insistir que se trata de nos «convencermos das crenças racionais; não é suficiente repeti-las como um papagaio», refere o autor.
«A terapia cognitiva é uma terapia de argumentos, não um exercício de pensamento positivo», acrescenta ainda.
Regra 3
«Existem vários argumentos lógicos que nos irão auxiliar no combate às crenças irracionais. A melhor estratégia pode ser começar por escolher os que são mais convincentes para cada um de nós e, nos dias seguintes, irmos acrescentando novas razões», considera.
«Existem vários argumentos lógicos que nos irão auxiliar no combate às crenças irracionais. A melhor estratégia pode ser começar por escolher os que são mais convincentes para cada um de nós e, nos dias seguintes, irmos acrescentando novas razões», considera.
Regra 4
«A prova de que este exercício foi corretamente realizado será o facto de sentirmos as nossas emoções mudarem?», questiona ainda Rafael Santandreu.
«A prova de que este exercício foi corretamente realizado será o facto de sentirmos as nossas emoções mudarem?», questiona ainda Rafael Santandreu.
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